Alguns debates revelam mais do que apenas opiniões divergentes. Eles escancaram a fragilidade de certas ideias quando colocadas frente a perguntas simples. E poucas ideias resistem menos ao teste da realidade do que as justificativas da esquerda para os fracassos econômicos e sociais dos regimes que tanto admiram.
Veja algumas das afirmações mais comuns, e o que acontece quando alguém para para fazer perguntas incômodas.
“Cuba só é pobre por causa do embargo”
Essa é provavelmente a resposta padrão para qualquer crítica ao regime cubano. O país está na miséria, claro, mas, segundo a esquerda, a culpa não é da estatização total da economia, nem da repressão política, nem do desincentivo à inovação. É culpa do embargo dos Estados Unidos.
Se o socialismo funciona tão bem, por que Cuba não prospera negociando com os mais de 190 países com os quais pode fazer comércio livremente?
A resposta? Silêncio. Ou, quando muito, um malabarismo histórico tentando colar Haiti, colonialismo e exportação de cana em um único argumento emocional.
“Bilionários não deveriam existir”
A ideia soa nobre, afinal, ninguém precisa de bilhões para viver, certo? Mas o problema é que, para muitos, a solução é confiscar a riqueza de quem acumulou demais. Se possível, periodicamente.
O argumento ignora propositalmente o óbvio: boa parte do que chamamos de progresso tecnológico só aconteceu porque alguém arriscou dinheiro, investiu em pesquisa cara e levou anos para ter retorno.
Smartphones, vacinas, carros elétricos, tudo isso veio de sistemas que premiam risco com lucro.
Mas, claro, é mais fácil acreditar que tudo teria surgido do “coletivo dos trabalhadores”. Afinal, nada mais eficiente do que uma reunião sindical para aprovar inovações de ponta.
“O problema do socialismo é que nunca foi tentado de verdade”
Esse é o argumento mais resistente à razão. União Soviética? Ah, mas foi stalinismo. Venezuela? Não é bem o socialismo ideal. Cuba? Ainda estava “em transição”.
Curiosamente, quando países capitalistas enfrentam crises, ninguém diz que “o capitalismo verdadeiro nunca foi tentado”.
E quando se pergunta por que todos os países que tentaram o socialismo enfrentaram fome, autoritarismo e colapso, a resposta é: “foi sabotagem do imperialismo”. Porque nada diz “modelo robusto” como um sistema que desaba quando alguém para de comprar seu tabaco.
“A criatividade humana existe independente do lucro”
Essa talvez seja a mais romântica das teses. É claro que há pessoas que criam por paixão. Mas a escala, o investimento e a capacidade de transformar boas ideias em realidade concreta dependem de estrutura, recurso e, sim, incentivo financeiro.
Os maiores avanços em saúde, transporte, conectividade e energia vieram de ambientes onde o mérito e o retorno andam juntos.
Segundo a tese da esquerda, o mundo teria chegado ao mesmo lugar com um pouco mais de amor e assembleias populares. Só faltou combinar com o custo do R&D.
“O capitalismo é individualista e por isso corrupto”
A corrupção, diz o argumento, é fruto do egoísmo que o sistema incentiva. E aqui a ironia atinge seu ápice. Os estados mais pobres do Brasil, governados há mais de 20 anos por partidos que se dizem progressistas, continuam entre os piores em educação, saúde e infraestrutura. O discurso é coletivo. A prática, nem tanto.
A solução proposta? Mais Estado. Porque aparentemente, quem roubou bilhões sendo regulador do sistema agora vai se redimir se tiver ainda mais poder.
Onde está falhando, ninguém sabe. Mas a culpa é sempre do capitalismo
Quando confrontados com o fracasso sistemático de experiências socialistas ao longo do século, como URSS, Alemanha Oriental, Coreia do Norte, Venezuela, Cuba e Camboja, a esquerda reage com frases prontas: “não foi o socialismo verdadeiro”, “foi sabotado”, “houve embargo”. O problema nunca é o modelo.
Mas basta observar a linha do tempo. A Venezuela, por exemplo, colapsou antes mesmo de qualquer sanção externa significativa. O embargo veio depois, como resposta à perseguição a opositores, ao fechamento do Congresso e à repressão política. Mas a narrativa conveniente é inverter causa e consequência.
Minha opinião é sempre a mesma: o socialismo falha na transição. Concentrar poder no Estado para reorganizar tudo “pelo bem comum” sempre leva ao mesmo resultado: autoritarismo, escassez e repressão. Essa parte, curiosamente, nunca é contestada.
No discurso, é sempre o capitalismo o vilão. Na prática, é o socialismo que falha, mas nunca por culpa própria.
O mais curioso? Todos os países que conseguiram se reerguer, o fizeram exatamente quando abandonaram a ilusão e adotaram práticas capitalistas.
A China virou potência com zonas econômicas especiais e liberdade controlada para o capital. A Rússia cresceu quando privatizou, mesmo que de forma questionável. Já Cuba e Venezuela, agarradas ao discurso, seguem atoladas em promessas, racionamentos e censura.
Conclusão
O capitalismo está longe de ser perfeito. Mas até aqui, é o único sistema que conseguiu combinar liberdade individual com prosperidade em larga escala.
A esquerda diz que está preocupada com desigualdade. Mas parece ignorar que não é taxando os ricos que os pobres ficam menos pobres. É criando ambientes onde todos podem prosperar, com regras, justiça e incentivos que recompensem esforço.
No fim, a teoria é sempre bonita. É a prática que entrega o resultado.