Nota de Esclarecimento – Este texto expressa minha opinião pessoal, fundamentada em vivências próprias, documentos, provas e registros apresentados em um processo judicial em curso. A intenção deste relato não é ofender ou prejudicar qualquer pessoa ou entidade, mas sim compartilhar uma experiência real vivida por mim e por minha família, após o falecimento do meu pai. Toda a narrativa a seguir reflete exclusivamente a minha percepção dos fatos e dos impactos emocionais, éticos e familiares decorrentes dessa situação.
Meu website não foi criado para relatar histórias pessoais. Mas o que você vai ler aqui é um desabafo. Um desabafo de alguém que está sem palavras para descrever o que vem passando nos últimos quatro anos, desde o falecimento do meu pai.
Em 2021, meu pai faleceu. Nos últimos anos de vida, ele enfrentava uma doença terminal, Fibrose Pulmonar, que o deixou completamente dependente de quem estivesse ao redor. Foi nesse período de fragilidade que uma mulher com quem ele mantinha um relacionamento extraconjugal passou a exercer forte influência sobre suas decisões, inclusive sobre o testamento. Essa pessoa, além da proximidade afetiva, era também contadora do meu pai, o que lhe dava acesso integral ao seu patrimônio.
Essa mulher não apenas sugeriu que meu pai fizesse um testamento, como participou ativamente da elaboração dele. Existem áudios em que ela própria admite que conversava com meu pai sobre os detalhes do documento.
Aproveitando-se do isolamento causado pela pandemia, ela restringia o acesso da família e o mantinha afastado dos filhos. O ambiente emocional era de controle e manipulação.
Sob esse contexto, em 2020, meu pai lavrou um testamento deixando parte dos bens para essa mulher e para uma instituição de caridade: o GELC – Grupo Espírita Lázara da Conceição, que ele frequentava junto com ela, mas com o qual não mantinha vínculos próprios ou históricos.
Meus tios, irmãos do meu pai, também estavam contemplados nesse testamento, mas o que mais chamou atenção foram os maiores legados, direcionados justamente à amante e ao GELC, inclusive com valores superiores aos deixados para os próprios irmãos. Vale dizer que o GELC tinha vínculos muito fortes com a amante, que frequentava ativamente a instituição.
O tempo passou, e a doença avançou. Em 2021, durante uma internação hospitalar que durou cerca de três meses, ele ficou praticamente sem contato com essa mulher. Como ela não tinha mais acesso presencial a ele, as pressões diminuíram. Foi nesse momento que, com clareza e lucidez, ele decidiu mudar o testamento.
E não foi uma vontade informal. Ele redigiu um novo testamento, protocolou em cartório e marcou data para assinatura. No dia anterior à sua morte, ele trocou e-mails e mensagens de WhatsApp com seu advogado e com as testemunhas, confirmando que o ato estava agendado corretamente. Ele faleceu dois dias antes de assinar.
Mesmo assim, a nova vontade ficou clara, documentada e inequívoca.
Além disso, o psicólogo que o acompanhava prestou depoimento em juízo e disse que meu pai havia mudado sua vontade. Também relatou que a mulher promovia isolamento emocional, alimentava sentimentos negativos contra os filhos e a esposa, e que isso teve impacto direto sobre suas decisões patrimoniais.
O psicólogo afirmou ainda que a amante agia propositalmente para destruir a estrutura familiar, não queria que meu pai tivesse contato com os filhos nem com a esposa, e cultivava um ambiente de conflito e afastamento.
Essa realidade foi documentada na ação anulatória de testamento, com provas como e-mails, mensagens, gravações e depoimentos técnicos. Pelo fato de termos provas concretas da influência da amante sobre o meu pai, decidimos ajuizar a ação anulatória. Mas antes disso, entramos em contato com todos os legatários explicando a situação, na esperança de uma resolução amigável e respeitosa da vontade real do meu pai.
E o que me deixou profundamente decepcionado foi a postura do GELC.
Apesar de ter tido acesso a todos os documentos e evidências apresentados judicialmente, a instituição decidiu manter a defesa do testamento anterior, cuja validade vinha sendo contestada com base em elementos objetivos, emocionais e jurídicos. A posição que adotaram nos pareceu, à luz de tudo que foi compartilhado, insensível ao contexto emocional e moral da situação.
Mais do que isso: a estratégia de defesa utilizada acabou por levantar argumentos que colocaram os próprios filhos do falecido em uma posição de ataque, algo que me causou grande indignação.
Em vez de considerar o contexto apresentado, optaram por sustentar a versão inicial dos fatos, com base na formalidade de um documento lavrado sob circunstâncias que, do nosso ponto de vista, estavam profundamente comprometidas por influência emocional e isolamento.
E mais grave ainda: o GELC usou meu contato contra mim, me acusando de tê-los ameaçado, mesmo depois de eu ter doado inúmeras caixas de roupas e bens da minha casa para a instituição, já que estava de mudança para os Estados Unidos na época. Essa acusação é absolutamente falsa e injusta.
A verdade é que meu pai expressou sua nova vontade com total consciência, e nós, seus filhos, cumprimos essa vontade. Antes mesmo do término do inventário ou da ação judicial, respeitamos integralmente o que ele determinou no novo testamento.
E os irmãos dele, que haviam sido contemplados com valores elevados no primeiro testamento, entenderam o contexto de pressão e renunciaram espontaneamente àquilo que lhes havia sido deixado anteriormente, reconhecendo que aquilo não representava mais a real intenção do meu pai.
Mas o GELC adotou uma linha diferente. E isso, pessoalmente, me feriu profundamente. Digo isso com tristeza, porque esperava de uma instituição espírita uma postura mais alinhada aos ensinamentos de Allan Kardec, que valorizam a vontade do espírito e o respeito à verdade emocional e moral do desencarnado.
É extremamente desrespeitoso com a memória do meu pai o fato de saberem que existia um novo testamento, e ainda assim seguirem com a narrativa de atacar sua própria família, apenas para garantir um legado maior.
Não estou aqui para julgar. Mas não posso deixar de compartilhar o impacto que tudo isso teve sobre mim. Essa experiência me fez repensar o conceito de caridade, confiança e doação.
Não é qualquer instituição que merece nossa entrega. Antes de doar, pesquise. Entenda quem está por trás. Avalie se os atos dessas pessoas realmente refletem os princípios que dizem defender.
Porque a caridade verdadeira, na minha visão, não se sustenta ignorando a consciência, a verdade e a vontade de quem partiu.